Surrealismo, palavra que significa “o que está acima do realismo”, é o nome dado ao movimento artístico e literário de origem francesa, na década de 1920.
O surrealismo foi um movimento de vanguardas que definiriam o modernismo nas duas décadas entre as Guerras Mundiais. Suas características principais são o pensamento manifestado de forma espontânea e automática, movido pelos impulsos do inconsciente, renegando os padrões de ordem moral e social estabelecidos e desprezando a lógica.
Influenciado fortemente pelas teorias psicanalíticas de Freud, o movimento reuniu artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e ganhou repercussão mundial. Enfatizando o papel do inconsciente nas atividades criativas, o surrealismo propunha produzir uma arte que estava sendo destruída pelo racionalismo. Seu principal líder e mentor foi o poeta e crítico André Breton.
O surrealismo foi denominado desta forma pelo poeta Guillaume Apollinaire em 1917, ligado ao cubismo, autor de “As Mamas de Tirésias”, peça teatral que foi considerada precursora do movimento, mas foi na década de 1920 que se expandiu como movimento artístico e literário. Seu objetivo principal era ultrapassar os limites da imaginação criados pelo ambiente burguês e revolucionar as ideias artísticas que se mantinham desde o Renascimento.
Como movimento, o surrealismo chegou a evoluir, embora manifestações contrárias, ligadas ao anarquismo quase o tenham exterminado. Seus seguidores se acusavam de não seguir os propósitos do movimento, criando um clima de tensão, mas o surrealismo acabou prosperando e influenciando o pensamento humano, gerando uma nova concepção do mundo e do ser humano, além de criar mudanças relevantes no processo artístico.
Segundo alguns estudiosos a explosão do surrealismo aconteceu em 1924, a partir do “Manifeste du Surréalisme” (Manifesto do Surrealismo), escrito por Breton, onde o poeta manifesta a possibilidade de reduzir o sonho e a realidade, estados aparentemente contraditórios, em uma espécie de realidade absoluta, ou sobre-realidade (surrealité).
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial o movimento praticamente se dissolveu, embora os artistas continuassem com suas obras e ainda a se corresponder e se encontrar. Magritte, Duchamp, Ernst e Man Ray tiveram seu último encontro público em Paris, em 1960. Salvador Dali, embora sem se relacionar mais com Breton, também deu continuidade aos motivos do surrealismo. Com as divergências de opiniões entre seus membros, o movimento acabou por se extinguir, embora tenha deixado obras de grande relevância.
Surrealismo na Literatura
Pierre Reverdy teve grande participação na estética surrealista, baseando-se na concepção de uma imagem poética segundo a qual a imagem nasce da aproximação entre as realidades afastada, e não da comparação. A linguagem surrealista faz uso de descontextualizações, procurando o desregramento de relações de significação para que surja uma nova linguagem.
Obras literárias como “Les Chants de Maldoror” (Os Cantos de Maldoror), escrita por Conde de Lautréamont, e o poema de Rimbaud, “Le Bateau Ivre” (O Barco Ébrio), são consideradas as principais para o surgimento do surrealismo, explorando o sonho e o inconsciente com intencionalidade.
Além desses e do criador André Breton, outros nomes ligados ao surrealismo foram Aragon, Soupault, Éduard e Péret, que se julgavam com a missão de abolir as regras tradicionais de estética e ética, acreditando que foram as causadoras da Primeira Guerra.
Surrealismo na Arte
O movimento surrealista também se destacou nas obras artísticas como quadros e esculturas, buscando expressar o inconsciente dos artistas e driblar as correntes do pensamento racional. Um dos nomes mais conhecidos é o de Salvador Dali que, seguindo as noções do dadaísmo como pré-julgamentos, criou os seus quadros surrealistas, com objetos fora do contexto.
Em 1926 um grupo de artistas criou a “Galerie Surrealiste” (Galeria Surrealista) e, a partir de 1930, o movimento se propagou pelo mundo. Exposições foram sendo montadas na Dinamarca, na Checoslováquia, nas Ilhas Canárias, na Inglaterra, Estados Unidos, além de Paris onde, em 1938, artistas de 22 países mostraram suas obras.
Pinturas surrealistas que se destacaram foram “La Voix des Airs”, de Magritte, mostrando três grandes sinos pendurados sobre uma paisagem, e “Palais Promontoire”, de Tanguy, com formas líquidas que acabaram por influenciar as obras de Dali (uma dessas, “A Persistência da Memória”, é mundialmente conhecida: relógios de bolso se derretem sobre uma paisagem).
Representando mitos, sonhos e fábulas, as normas surrealistas propunham a exaltação de processos oníricos e da imaginação, além de paixão erótica e humor corrosivo, manifestações estas que se opunham à cultura burguesa tradicional e aos valores morais da sociedade.
Uma das últimas exposições internacionais do surrealismo aconteceu em Paris, em 1947, quando os membros mais importantes do grupo se reencontraram.
Surrealismo no Brasil
O movimento surrealista e suas ideias influenciaram o movimento modernista no Brasil entre 1920 e 1930. O escritor Ismael Nery e a pintora Tarsila do Amaral foram os mais influenciados, além de Maria Martins (escultora), Cícero Dias (pintor), Murilo Mendes (poeta), Aníbal Machado, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Mário Pedrosa (escritores).
O ápice do movimento modernista, já incentivado pelas ideias surrealistas, foi a Semana de 22, em São Paulo.
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