Significado de Salve Jorge


O que é Salve Jorge



A novela “Salve Jorge”, exibida no horário nobre entre os anos de 2012 e 2013 na Rede Globo, pode ser considerada uma obra marcante na história da dramaturgia brasileira. Não só por suas cenas e pela abordagem do tema sobre tráfico de pessoas, mas também sobre a utilização uma figura religiosa de presença importante na cultura brasileira: São Jorge.

A trama que envolveu as personagens principais Morena (Nanda Souza) e Theo (Rodrigo Lombardi) trazia como título a expressão que tem como significado uma saudação de boas vindas (“Salve Jorge”!) a São Jorge, figura que está presente tanto nas religiões católica como também na umbanda. Porém, sua história é contada de diferentes maneiras em ambas as doutrinas, cada uma com suas particularidades em relação a esse santo.

Entender sobre esses posicionamentos conseguirá trazer uma visão mais clara do que é “Salve Jorge” e do poder que “Salve Jorge” pode ter não só no aspecto religioso, mas também social.


“Salve Jorge” na umbanda

Uma saudação de “Salve Jorge” para a umbanda remete a origem de Jorge ou Ogum, que é o nome original da divindade para a crença, data do princípio dos tempos e com um aspecto voltado para a fibra guerreira.

Mas, ainda em seus primórdios, quando era cultuado apenas pelo povo Iorubá em seu país de origem, a Nigéria, Ogum era considerado apenas um ser com “descendência divina” e que tinha um poder de liderança e de prover segurança aos seus, sem ser citado como um Deus ou qualquer ligação com guerras ou batalhas.

Ou seja: Na umbanda, Ogum tornou-se um santo guerreiro após chegar ao Brasil e passar pelo processo chamado de Sincretismo Religioso. Com a tentativa dos europeus e colonizadores em catequizar os escravos, a ligação com figuras semelhantes entre o catolicismo e as crenças africanas tornou-se uma maneira encontrada para diminuir a distância das figuras de linguagem em ambos os costumes.

Aproximando a imagem de São Jorge a Ogum, a ligação de “santo guerreiro” com o Orixá se fortaleceu e chegou ao seu ápice com a absorção da ideia pelos escravos de que Ogum era na verdade um general destemido que os libertaria do mal maior: A escravidão.


“Salve Jorge” no catolicismo

Já um “Salve Jorge” para a igreja católica nos leva aos primeiros registros de São Jorge, que são datados de vários séculos diferentes. Sendo o padroeiro de vários países e regiões diferentes como a Catalunha (Espanha), Inglaterra e Portugal, o santo possui sua origem mais propagada na região da Capadócia, onde atualmente está a Turquia.

Sendo filho de pai soldado, morto em batalha, e de mãe palestina que morreu já em sua ausência, Jorge sempre teve talento e gosto pelas armas, sendo rapidamente treinado e incorporado pela cavalaria do império romano.

Porém, sua devoção ao cristianismo provocou a ira de Roma, que tinha suas próprias crenças e, ao não conseguir converter o então soldado, mandou torturá-lo e, posteriormente, degolá-lo. Dai sua fama de grande mártir e espírito guerreiro para o catolicismo.


“Salve Jorge” e o dragão

Uma história que merece um verdadeiro “Salve Jorge” e que é propagada com elementos que atrelam realidade a fantasia para expressar a alma guerreira do santo é a tradicional lenda onde, devido a opressão de um povo na atual Líbia com a existência de um dragão cruel, São Jorge aparece como o responsável por matar o dragão com sua lança e espada. 

A simbologia criada em torno desse conto, do bem superando as influências de energia e força negativa, ganhou uma proporção gigantesca, sendo até hoje retratada a figura de São Jorge como um guerreiro pomposo, bravo e geralmente com a lança atravessada na garganta de um dragão.


A polêmica social de “Salve Jorge”

Não foi necessário grande desenrolar dos fatos na novela “Salve Jorge” para que a obra se tornasse algo digno de debate. Na verdade, bastou ser noticiado a  sua existência e a exibição do primeiro capítulo.

Após duras críticas feitas pelo pastor Edir Macedo em seu blog pessoal, alegando que o título “Salve Jorge” adorava a um Deus do candomblé e ia contra os preceitos dos conceitos evangélicos, um verdadeiro movimento de boicote foi levantado por algumas figuras religiosas, incentivando a não consumirem o produto da Rede Globo. Na época, a autora da novela, Glória Perez, alegou não ter cunho religioso na sua escolha por “Salve Jorge”, mas sim para exaltar o espírito guerreiro implícito em seus personagens, passando por diversas provações durante a trama.

Mesmo depois de um ano de término, “Salve Jorge” ainda consegue gerar comentários de cunho histórico, mostrando a sua capacidade mesmo tendo níveis considerados ruins para uma novela do horário nobre.   

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