Pós-verdade é um substantivo feminino. O termo tem a junção do prefixo pós-, que no Português indica posterioridade, isto é, que se sucede no tempo a algo, mais “verdade”, do Latim veritas, que é “verdade”, de verus, que quer dizer “real, verdadeiro”, de uma origem Indo-Europeia were-q-, “merecedor de confiança, verdadeiro”.
O significado de Pós-verdade se associa ou aborda as circunstâncias em que os fatos objetivos possuem menos influência na hora de moldar a opinião pública do que os apelos a emoções e as crenças pessoais.
Ou seja, pós-verdade se tornou um fenômeno onde o qual a opinião pública reage mais a apelos emocionais do que a fatos objetivos, sendo considerado assim uma distorção deliberada da realidade.
Em outras palavras, pode-se considerar o termo “pós-verdade” como a manipulação de crenças e emoções com a simples finalidade de influenciar a opinião pública e as próprias atitudes das pessoas.
Pós-verdade foi a Palavra do Ano em 2016 pelo Dicionário Oxford, que também frisou que “pós” nesse termo passa a ideia de que a verdade ficou simplesmente para trás. Segundo este conceito, a verdade dos fatos fica em segundo plano, pois uma informação irá primeiro recorrer às crenças e emoções das massas, o que facilita a manipulação das opiniões públicas.
A base da pós-verdade veio de um conceito psicológico conhecido como viés cognitivo. Tal conceito procura explicar a tendência natural que um ser humano tem em julgar um fato a partir da sua própria percepção – por isso, se uma tendência é explorada por algum meio de comunicação com certo objetivo econômico, midiático ou político, as “massas” (a população) tenderá a acreditar nessas informações que podem nem ser verídicas, nascendo assim o fenômeno chamado de pós-verdade.
De acordo com o historiador brasileiro Leandro Karnal, pós-verdade se configura como uma “seleção afetiva de identidade”, isto é, os indivíduos acabam se identificando com as notícias que mais chegam próximas aos seus conceitos próprios.
O âmbito em que mais aparece o termo pós-verdade é na política, por exemplo quando algum político utiliza esse fenômeno para obter o apoio da população. Geralmente, um recurso que ele poderá utilizar é o discurso populista, onde faz promessas impossíveis.
Embora sejam utilizadas como sinônimos por muitos erroneamente, o conceito de pós-verdade não se confunde com o conceito de notícias falsas (as chamadas fake news).
Os dois termos possuem efeitos semelhantes dentro de uma sociedade, mas cabe reiterar que a motivação é distinta.
Nas fake news, por exemplo, o foco está em mentir de forma objetiva, isto é, fornecer informações ilegítimas que não condizem com a realidade – elas foram formuladas somente para induzir uma comoção, causar uma polêmica, sobre determinado assunto.
Justamente por isso, uma fake news pode dar origem à uma pós-verdade.
A pós-verdade é o momento de aceitação de uma informação por uma pessoa ou um grupo de pessoas que acreditam que há legitimidade destas informações, levando-se em conta suas razões pessoais – sejam elas políticas, religiosas ou mesmo culturais.
O que se pode notar é que a pós-verdade não implica necessariamente em uma mentira, mas sim em uma negligência para com a verdade.
Veja também o significado de Fake News.
O termo “pós-verdade” não foi criado recentemente. Com esta definição atual, seu primeiro uso é datado de 1992 por Steve Tesish, um dramaturgo sérvio-americano.
Há aproximadamente uma década, a palavra se tornou ainda mais popular – o seu maior pico aconteceu em 2016, principalmente por causa das eleições presidenciais dos Estados Unidos daquele ano e o referendo para a saída do Reino Unido da União Europeia (o denominado Brexit).
Nas eleições dos Estados Unidos no ano de 2016, o então candidato (e atual presidente) Donald Trump fez a disseminação de várias informações e estatísticas que não eram fundamentadas com a finalidade de afetar as candidaturas de seus adversários e, consequentemente, fortalecer a sua própria campanha.
De um modo geral, as informações estavam bastante relacionadas ao terrorismo e aos problemas de segurança pública, gerando revolta e insegurança na população (cuja maioria não procurou verificar a procedência dos dados).
Mesmo com as diversas declarações, as informações que mais chamaram a atenção na época foram:
Motivadas por valores pessoais, a população norte-americana (pelo menos uma grande parcela dela) acreditou e acredita até hoje em algumas dessas declarações.
No mesmo ano, o Brexit aconteceu – classificando um referendo que tomaria a decisão se o Reino Unido iria permanecer ou não na União Europeia.
No andamento do processo, a campanha de defesa de saída do bloco fez a divulgação de que a União Europeia trazia um custo de 470 milhões de dólares por semana (tal dado nunca foi verificado) e afetava de forma negativa diversos setores da economia britânica.
O referendo ocorreu justamente em um período em que a crise dos refugiados era acentuada, favorecendo a disseminação de variadas estatísticas infundadas que apelaram para o nacionalismo da população que fortaleceu o argumento para a saída do bloco para trazer maior autonomia em relação a esse assunto delicado.
No fim, a saída do Reino Unido da União Europeia foi favorável.
Como foi comentado, a pós-verdade é um fenômeno bastante frequente e intensamente explorado dentro do âmbito político, em especial durante o período das campanhas eleitorais, pois os candidatos veem como vantagem a divulgação de informações que, embora falsas, podem enaltecer sua própria imagem e, ao mesmo tempo, denegrir a figura de seus adversários.
Dessa finalidade, a manipulação da opinião pública é ainda maior por causa das inúmeras campanhas eleitorais realizadas.
O senso crítico se torna fundamental quando o assunto é política. A capacidade de questionar e analisar tais informações de maneira objetiva pode fazer com que a população entenda quando está sendo forçada a acreditar em algo que não é verdadeiro.
Essas próprias informações relacionadas ao assunto – eleições – se propagam mesmo sendo passageiras (por um período determinado), afinal um candidato precisa sustenta-las até o dia da eleição.
Para estudiosos da área, o momento atual em que a sociedade vive deveria ser chamada de “era da pós-verdade”, pois a verdade dos fatos já não é mais uma prioridade para a sociedade e muito menos para os meios de comunicação.
Isso também se deve ao alto índice de produção e troca de informações que interfere na distinção entre o que é verdadeiro e o que é falso.
Pela informatização e com o uso cada vez mais elevado das redes sociais, as informações são repassadas de forma imediatista e em pouco tempo para um incrível número de receptores (outras pessoas), transformando-se em uma verdade fabricada que será defendida por indivíduos que acreditam fielmente que essa informação é verdadeira.
Para os historiadores brasileiros, como no exemplo de Leandro Karnal, a internet promoveu a capacidade de acesso à informação a mais pessoas, mas é justamente esse também o lado negativo: mais pessoas têm acesso à informação, entretanto a maioria delas é desprovida de senso crítico.
Sem essa qualidade, a propagação de notícias falsas ou de notícias que ainda não foram comprovadas é ainda maior.
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