Mais-valia é termo na economia política marxista usada para indicar a desigualdade entre o valor do trabalho e o salário pago ao trabalhador. A expressão foi criada por Karl Marx e é amplamente utilizada no âmbito da Economia e das relações político-sociais como um indicador da exploração da força de trabalho exercida pelo modelo capitalista.
Especificamente, a mais-valia representa o esforço dispendido pelo trabalhador durante a realização de seu trabalho, sendo que este esforço não lhe é recompensado em forma de salário, retornando para o patrão em forma de mais-valia (ou lucro). Para Marx, a força de trabalho exercida pelo trabalhador na execução de sua função é uma mercadoria, tal qual o produto produzido por ele.
Por isso, para o pensador, tão valioso quanto o tempo de produção, é a força de trabalho em si. Logo, a força de trabalho também deveria ser recompensada pelos patrões. No entanto, em sua avaliação, o valor do tempo investido na produção chega a ser menor que o valor da força de trabalho empossado. A diferença entre o valor do tempo e o da força de trabalho também configura uma forma de mais-valia.
Para o pensador Adam Smith, a mais-valia configura-se na noção de que a mercadoria não é vendida por um preço que contempla todo o valor que existe agregado ao produto. David Ricardo, outro estudioso, defende que a mais-valia está atrelada à questão do salário, pois existe uma convenção de que o salário pago aos trabalhadores deva ser suficiente para cobrir suas despesas essenciais, como alimentação, moradia, roupas etc.
Isso se deve ao fato de que o capitalismo está intimamente ligado ao pensamento burguês, calcado no acúmulo de riquezas. Neste sentido, as classes elevadas, possuidoras dos meios de produção, se dedicam a acumular capital se apoderando da mais-valia que adquirem ao explorar a força de trabalho das classes operárias. Desta maneira, na análise dialética de Karl Marx, o capital sempre sairá vencedor ao proletário, fazendo da mais-valia o ponto de origem do lucro, que é o bem maior do capitalista.
No contexto atual, muitos pensadores contemporâneos veem a mais-valia como algo que resultou em desigualdade social e em um mercado de trabalho que funciona à beira do colapso, com horas sobrecarregadas, stress, problemas físicos causados pelo excesso de trabalho, funcionários explorados, ambientes hostis etc. Tudo isso em nome do lucro a qualquer custo, que alimenta a máquina capitalista.
Marx acreditava piamente que essas tensões que marcam as relações capitalistas – hoje elevadas a uma potência extrema – não se sustentariam por muito tempo e um sistema socialista se organizaria na sociedade econômica. O problema com a concepção do filósofo é que ela requereria que as pessoas se tornassem instantaneamente colaborativas e abdicassem das vaidades atreladas ao capitalismo.
A mais-valia pode ser concretizada de duas maneiras: absoluta ou relativa. Em ambos os casos, os donos dos meios de produção são beneficiados pela desvalorização da força de trabalho, mas de jeitos diferentes. A mais-valia absoluta acontece quando o trabalhador é capaz de produzir o equivalente ao seu salário em uma fração da sua jornada de trabalho.
Por exemplo: um funcionário de uma fábrica é capaz de produzir, em 5 horas diárias, a quantidade de peças que, quando vendidas, serão equivalentes ao seu vencimento mensal. No entanto, o funcionário não tem a opção de trabalhar somente 5 horas por dia. Ele obrigatoriamente deve trabalhar, todos os dias, durante 8 horas. Logo, o produto destas 3 horas se converte em uma mais-valia absoluta para o dono da fábrica.
No caso da mais-valia relativa, trata-se da implementação de recursos tecnológicos que aumentam a produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, aumentam o valor absoluto da produção. No entanto, ao mesmo tempo em que a produção aumenta, o salário do operário continua o mesmo.
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