Jeitinho brasileiro é uma expressão. Jeitinho é o diminutivo de “jeito”, um substantivo masculino que tem origem no Latim jactus, o particípio passado de jacere, que quer dizer “lançar, atirar, arremessar, jogar”.
Brasileiro é adjetivo e substantivo masculino que denominava a pessoa que se dedicava à extração do pau-brasil – esta última palavra tem origem no Germânico brasa, que é “fogo”.
O significado de Jeitinho brasileiro expressa abordagens e intervenções improvisadas e, em grande parte, informais, com as quais o brasileiro resolve alguma situação problemática ou mesmo para conseguir algo do seu interesse.
O “jeitinho brasileiro” conta com influência direta nos eventos políticos e sociais do país, assim como próprio comportamento individual.
A expressão “jeitinho brasileiro” surgiu em 1946, quando um estrangeiro fez a solicitação de um visto a um consulado do Brasil. No período, o registro de profissão do indivíduo foi como agrônomo (quando na realidade ele era médico) para que o processo de visto fosse facilitado.
O jeitinho brasileiro é visto, dento da literatura acadêmica, como algo polêmico. Alguns autores o veem como uma atitude incorreta, pois denigre leis e normas, enquanto outros consideram uma alternativa criativa e inovadora para resolver certos problemas, especialmente que tenha flexibilidade quando há demasiada burocracia.
Existem diversos exemplos de atitudes realizadas no “jeitinho brasileiro”, principalmente quando são praticadas burlando-se as leis ou convencendo as outras pessoas a abrirem mão de algo influenciando seu lado emocional, pessoal ou afetivo.
Por exemplo:
O jeitinho brasileiro é um comportamento histórico e cultural que vem desde a época do Brasil Império. Entretanto, isso não deixa de ser ilegal e até passível de punição – sem contar que é moralmente inadequado.
É possível que, pouco a pouco, os brasileiros comecem a tomar consciência sobre como o “jeitinho” pode ser usado para atuar na melhoria de direitos e deveres em que as leis funcionem para todos.
O jeitinho brasileiro é visto com bastante conotação negativa por ser relacionado com a corrupção, isto é, com a falta de caráter, de civismo, fazendo uso da lábia e da ausência de educação. Qualquer tentativa de enganar outras pessoas para o simples benefício próprio é chamada de “jeitinho brasileiro”.
Nesse ponto, o “jeitinho brasileiro” virou sinônimo de malandragem, afinal certos brasileiros agem com o intuito de levar vantagem em tudo, aceitando atos antiéticos porque acreditam que isso não vai “dar em nada” (que não haverá punição).
Exemplos clássicos do dia a dia são: furar a fila, não respeitar os sinais de trânsito, sonegar impostos, ofender as minorias, maltratar e abandonar animais, danificar bens públicos, entre outros.
Como “pilantragem”, o jeitinho brasileiro está presente até dentro de órgãos públicos, onde há desvio de recursos que afetam as áreas essenciais da população.
Mesmo de visão negativa, o jeitinho brasileiro também pode ser uma qualidade interessante dos cidadãos do país, pois pode se manifestar na presença da cordialidade em face à racionalidade, associando a criatividade no momento de enfrentar momentos ruins.
Com um ar mais descontraído, o povo brasileiro se diferencia – e muito – de cidadãos de outras nações, comportando-se com mais informalidade, inclusive diante de situações estressantes.
Por isso, com conotação positiva, o jeitinho brasileiro é visto como uma forma leve, flexível, criativa e otimista de levar a vida, solucionando problemas e situações ao mesmo tempo em que respeita as normas sociais.
Na área da Sociologia, o jeitinho brasileiro vem sendo estudado há muitos anos. Como parte da identidade nacional, esse comportamento é reconhecido como um modo fácil de resolver qualquer coisa em benefício próprio, independentemente se for necessário algum ato pequeno de corrupção.
Nesse campo, há muita discussão sobre as características deste comportamento.
Veja também o significado de Sociologia.
Antropólogo, Roberto DaMatta vê o “jeitinho brasileiro” como algo positivo quando for relacionado a relações interpessoais do indivíduo, porém dentro do âmbito institucional, a visão é negativa, principalmente pela maneira peculiar de lidar com as leis.
Para o estudioso, os brasileiros estão acostumados a infringir regras e leis dentro das instituições. Em seu estudo, DaMatta percebeu que os brasileiros se surpreenderam com a maneira séria, formal e respeitosa com que os americanos lidam com as normas, ao contrário do Brasil.
Na visão da antropóloga Lívia Barbosa, o jeitinho brasileiro também pode ser dividido em duas situações: de um lado há o “favor” e de outro a “corrupção”.
Para ela, o jeitinho brasileiro é um reflexo do nível de desenvolvimento econômico e social e não como algo mais complexo que envolve a inserção do Brasil no caminho dos países desenvolvidos.
A antropóloga publicou a obra “O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros” onde procurou desvendar os mistérios do surgimento desse famoso comportamento que auxilia no cotidiano do brasileiro.
Na perspectiva de outro antropólogo, no caso de Sérgio Buarque de Holanda, o jeitinho brasileiro destaca a cordialidade – uma característica extremamente marcante da personalidade deste povo.
Para ele, tal cordialidade faz com que as pessoas tomem atitudes com base no sentimento de gentileza ao invés de prezar pela razão. Para Sérgio, tal jeitinho fez com que o brasileiro ganhasse o apelido de “homem cordial”, que sempre procura agradar e que não aceita taxar algo como “impossível”.
Na área da Antropologia, o jeitinho brasileiro se associa com o lado emocional do indivíduo brasileiro, em especial pela abordagem informal que é utilizada para lidar com qualquer assunto.
Fernanda Borges é filósofa e, durante seus estudos, vê o jeitinho brasileiro através de abordagens filosóficas, cognitivas e culturais, baseando-se na antropologia.
Para ela, o jeitinho brasileiro favoreceu o desenvolvimento de um novo estilo de vida que se mistura com a afetividade, ao contrário de impedir o crescimento do indivíduo, como muitas pessoas veem esse comportamento.
Segundo Fernanda, essa forma de conduta está mais presente no brasileiro pobre, mas que também acabou “contaminando” os ricos, não sendo uma consequência de um atraso, mas sim como um critério ético sobre aceitar a participação daquilo que é imprevisível, do que é frágil e afetivo. É uma axiologia sobre um modo de ser no mundo que acata invenções dentro da organização.
Veja também o significado de Antropologia.
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