Ignorante deriva da palavra latina ignorantia, e desde a antiguidade até a sua versão na língua portuguesa “ignorância” tem o mesmo significado, indicando aquela pessoa que ignora alguma coisa, não sabe que ela existe; ou ainda aquele indivíduo que não tem estudo, instrução, cultura, entendimento, conhecimento. Assim, um ignorante é aquele que possui ignorância em algum sentido.
O termo ignorante, além de designar aquele que não sabe determinada coisa, também pode aparecer sendo usado num sentido pejorativo, e aí ele tem como significado imbecil, estúpido, idiota, tanso, bocó, boca aberta, grosso, entre outros.
A palavra ignorante pode ser aplicada a todos os seres humanos, pois não existem pessoa no mundo que não seja ignorante sobre muitas coisas. Mesmo o mais sábio entre os homens vivos ignora muito mais coisas do que sabe. É pois a ignorância e a busca por eliminá-la que motiva o homem a buscar conhecimento, é preciso ser ignorante primeiro antes de ser sábio. Sócrates um dos maiores filósofos que já pisaram na Terra dizia não saber nada. A sabedoria na verdade só faz revelar ao homem o quanto é ignorante.
Contudo, se ser ignorante é condição imprescindível para a busca de conhecimentos, para o despertar da curiosidade sobre o mundo que nos cerca, o ignorante é também uma peça fundamental para a manutenção do mundo como ele é, com todas as suas injustiças, contradições, violência, corrupção e descontentamento.
É importante para o poder vigente que o homem se mantenha ignorante. Assim, em toda nossa cultura não existe incentivo ou valorização dos sábios ou de pessoas que realmente se preocupem em buscar conhecimentos que promovam a evolução dos indivíduos como seres humanos. Os únicos conhecimentos que se valorizam em nossa sociedade são aqueles que possibilitam ao indivíduo ascensão social, conhecimentos técnicos, objetivos e práticos.
As pessoas são medidas e valorizadas por aquilo que tem e por aquilo que são capazes de conquistar, no mais a regra é se manter ignorante. E quanto mais ignorante nos mantermos, mais o mundo se manterá do jeito que está com o poder e a riqueza se mantendo nas mãos de poucos, sobrando o sofrimento, o materialismo e os problemas do imutável dia-a-dia para muitos.
O poeta alemão Bertolt Brecht, alertou em um célebre poema do século XX sobre o analfabeto político, aquele que por não saber nada sobre como funcionam as tramas do poder e não buscar se inteirar sobre, deixa de participar das decisões que mais influem em sua vida, como o preço dos alimentos, sobre a criminalidade, os impostos, a corrupção, justiça, lazer, as condições básicas de existência, enfim.
Entretanto, além do ignorante político, demonstrado por Brecht, temos uma gama imensa de analfabetos nas mais diversas áreas, de pessoas completamente ignorantes que não são capazes de perceber o quando a sua participação, o quanto a sua falta de consciência sobre os mais diversos assuntos que envolvem a vida em sociedade e no planeta de uma forma geral, acabam sendo um problema pra si e para todos os seus pares, privilegiando sempre e de forma cada vez maior aqueles que sempre foram os donos do poder.
Com isso temos o ignorante econômico, ignorante filosófico, ignorante artístico, ignorante religioso, ignorante científico, ignorante psicológico, uma verdadeira massa de ignorantes para quem a vida se limita em acordar, ir trabalhar, casar, ter filhos e postar tudo isso no Facebook.
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