Heteronímia é uma palavra de origem grega por meio da junção de dois termos (heteros, "diversos" e nomos, "regras") e que, portanto, significa dependência, submissão, assim como obediência.
Trata-se de um conceito criado pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804) para se mencionar o tipo de sujeição que um indivíduo realiza diante da vontade de terceiros, de um grupo ou mesmo de uma coletividade. Tal conceito é considerado um dos preceitos básicos do Estado de Direito onde todos os cidadãos indistintamente devem se submeter à vontade da lei que rege a sociedade.
Para Kant, a heteronímia é ação de seguir as normas que foram estabelecidas pelos outros que podem ser desde leis, como também dogmas religiosos. O contrário de heteronímia é conhecido como autonomia (do grego auto que é “próprio” e nomos que é o mesmo que “norma” ou “regra”) e que, portanto significa o estabelecimento das próprias regras morais que uma pessoa cria e decide seguir.
Uma pessoa autônoma é geralmente vista como aquela que age de forma a satisfazer unicamente os seus próprios desejos e desconsidera os desejos e vontades alheias. Contudo, ser autônomo exige-se responsabilidade maior do que se agir de modo heterônimo.
Na Pedagogia, o educador Paulo Freire (1921 – 1997) observava que a heteronímia era imposta de forma excessiva no sistema educacional sobre os educandos de tal modo que acabava os desestimulando a desenvolverem suas habilidades como, por exemplo, a criatividade, a capacidade de iniciativa e a construção de um “ser para si”.
De acordo com Freire, as consequências naturais de tais imposições eram de transformar estas crianças em adultos conformistas, vulneráveis e com pouco senso crítico. Em sua última obra em vida “Pedagogia do Oprimido” que foi lançada em 1996, ele sugere novos métodos para a valorização da curiosidade dos educandos ao passo que condena a rigidez ética direcionada aos interesses de cunho capitalista.
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